A escola é um ambiente essencial
para o desenvolvimento do adolescente enquanto cidadão, devendo essa ser uma
das principais instituições que estimule a capacidade intelectual e social de
conhecimentos produzidos em sociedade. A escola deve ser uma referência de
local seguro, prazeroso no qual o aluno possa conhecer a si mesmo e ao seu
próximo. Nessa perspectiva, Abramovay (2005) acredita que a violência nas
escolas se delineia como uma problemática que necessita de atenção,
considerando principalmente a mídia e a crescente produção acadêmica sobre o
tema, que cada vez mais repercute a “ideia” de que as escolas estão se tornando
locais de agressões e conflitos.
A expressão violência escolar no Brasil desde os anos 1990
refere-se às agressões contra o patrimônio e contra pessoas/ alunos,
professores, funcionários. Porém, os determinantes da violência são diversos e
várias são as características que englobam essa prática como: as
características do indivíduo (história de vida, idade, sexo, etc.), a instituição
escolar, e os aspectos da sociedade que a envolve (etnia, igualdade de gênero,
entre outras). Dessa forma, pode-se entender também que, a violência escolar é
delineada por categorias específicas (bullying e cyberbullying), e compreende
tanto a violência simbólica como a explícita, e nesse caso, é preciso ainda
observar a localização dos acontecimentos, as pessoas e os papéis dos
envolvidos, bem como a tipologia dos atos violentos, e a gravidade e a
frequência das agressões (Stelko-Pereira & Williams, 2010).
Para Lopes Neto (2005) e Fante
(2005) o termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas,
intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um
ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, sendo executadas
dentro de uma relação desigual de poder.
O Bullying é um termo de tradição
europeia e atualmente, é adotado por alguns países como Japão, Estados Unidos,
e inclusive, o Brasil. A apropriação do termo inglês foi decorrente da
dificuldade em traduzi-lo para várias línguas (Antunes & Zuin, 2010).
Uma prática de bullying
geralmente é composta por personagens que podem desempenhar alguns papéis, tais como, autores, alvos ou
testemunhas de comportamentos violentos e de suas consequências.
De acordo com Tauil, Costa e Rodrigues (2009), os autores
de bullying não possuem um perfil padrão, portanto, não está em destaque à
classe social, cultural ou intelectual do individuo.
Considera-se alvo o aluno
exposto, de forma repetida e durante algum tempo, às ações negativas
perpetradas por um ou mais alunos. Os alvos, geralmente sofrem as consequências
do bullying e, na maioria das vezes são descritos como pouco sociáveis,
inseguros, possuindo baixa autoestima, quietos e que não reagem efetivamente
aos atos de agressividade sofridos (Lopes Neto, 2005). Esse grupo
frequentemente, não está em posição de se defender ou procurar auxílio e na
maioria das vezes se calam por medo de se expor perante os outros e ainda
sofrem e não falam com ninguém, apesar de terem sido maltratados. Isso vem
confirmar as dificuldades que muitas crianças e adolescentes têm para lidar ou
enfrentar a violência que sofrem no interior da escola (Francisco &
Libório, 2009).
Acerca das testemunhas, Lopes Neto (2005) afirma que são
geralmente alunos que não sofrem nem praticam bullying, mas que convivem em um
ambiente onde isso ocorre e o presenciam. O clima tenso que se estabelece com
as ocorrências do bullying, leva as testemunhas a sentirem medo, angustia ou a
ameaça de se tornarem os próximos alvos (Tauil, Costa & Rodrigues, 2009).
O bullying também é formado por
tipologias as quais podem ser verbal, físico e material, psicológico e moral,
sexual e virtual, este último é mais conhecido como cyberbullying. O bullying
verbal possui características como insultar, xingar, ofender, fazer piadas
ofensivas, etc. O de tipo físico e
material, inclui o comportamento de bater, chutar, espancar, ferir, e roubar. O
psicológico e moral abrangem as práticas de irritar, humilhar, ridicularizar,
isolar, ignorar, difamar, perseguir e chantagear, entre outros. O bullying
sexual compreende condutas tais como abusar, violentar, assediar e insinuar
(Silva, 2010).
O cyberbullying, uma nova
extensão do bullying (Stelko-Pereira & Williams, 2010) que se configura
através de agressões, ameaças e provocações premeditadas e repetidas contra uma
vítima de estatuto semelhante, mas que tem dificuldade em defender-se. São
realizadas com o recurso de dispositivos tecnológicos de comunicação, como
aparelho celular, email, chat, blog, facebook, orkut, twitter, entre outros
(Amado, Matos, Pessoa & Thomas, 2009).
O bullying assim como todo
comportamento violento apresenta consequências diversas, e entre elas podem-se
destacar sintomas psicossomáticos (dor de cabeça e dificuldade de concentração),
transtorno do pânico, fobia escolar, fobia social, depressão, anorexia, bulimia
e transtorno do estresse pós-traumático, que, sobretudo, geram traumas e podem
perdurar dependendo da estrutura psicológica que o individuo possui levando-o a
precisar de intervenção psicológica (Silva, 2010).
Esta visibilidade tem
proporcionado muitas vezes tratando do tema de forma sensacionalista ou
equivocada, o que acaba por confundir a opinião pública. Fato que pode gerar
risco de generalizações - todos os problemas entre estudantes se tornam
bullying, o que pode banalizar ou legitimar as ocorrências dessa prática.
Por isso, é imprescindível que os
diversos profissionais, familiares e os gestores das escolas tenham
pleno entendimento, para que encaminhamentos, atendimentos e procedimentos
não sejam equivocados (Fante, 2005).
Texto extraído do artigo “Bullying, um estudo sobre a violência com
imagens fotográficas” da acadêmica de
psicologia da UFS Juliana Soares da Silva